
Primeiro vieram os brasileiros
com as novelas. E Portugal fez novelas. Aprendeu a fazer novelas. Evoluiu nas
novelas e dá uma seca aos telespectadores em novelas, como se o mundo fosse
acabar amanhã. Depois destacaram-se as séries espanholas, vítimas de sucessos mundiais como “A Casa de Papel”. Eu, acompanhava algumas na SIC Radical (como a “Embaixada”)
e de facto a qualidade é muita. Poderia dizer que Portugal também começou a
fazer séries, mas a verdade é que já as fazia. Mais ou menos interessantes, mas
fazia. Muitas na RTP, mas fazia. Tivemos alguns sucessos por cá (por exemplo;
“Conta-me como foi” adaptado de um seriado Espanhol), mas normalmente as nossas
séries são um bocado… meh. E que eu saiba (façam o favor de me corrigir se
estiver enganado) nenhuma série americana foi adaptada das nossas – como
aconteceu com a espanhola “Os Mistérios de Laura”. Portanto, foi com alguma
expectativa que comecei a acompanhar “Solteira e Boa Rapariga”, na RTP.
A ideia está interessante. Tem
alguma piada, a Carla Maria (interpretada pela actriz Lúcia Moniz) é uma personagem e tanto, mas acho que os bombons
da série são a terapeuta (Rita Loureiro) e a mãe (Helena
Isabel) – aquela tirada do “mas é preciso vacinas para ir a Odivelas?”, ficou. O
amigo (Carlos Oliveira) equilibra a cena, mas podia ter um bocadinho mais de comédia em cima.
Dedicar cada episódio a um “date” diferente é um bom conceito (os clichés, e os
não clichés, estão lá todos), e este segmento dá “pano para mangas”. A verdade,
é que conseguimos identificar nos diversos diálogos, alguns amigos, algumas
amigas, algumas expressões usadas por nós e nos nossos círculos mais próximos, algumas
dúvidas e algumas certezas. Gosto do genérico e gosto da música que o
acompanha. Tem dimensão para crescer enquanto produto televisivo e espero que
não se fiquem por aqui. Ouviram, RTP?
O problema a meu ver, prende-se
só com a dinâmica da realização e a construção de alguns diálogos que parecem
arrastar sem sentido. Podia ser uma série um bocadinho… menos parada. Não é que a
minha pessoa seja exemplo para alguém, até porque sou demasiado eléctrico, mas
é a sensação que me fica – posso estar a ser injusto, eu sei. Mas se às
vezes apetece carregar no botão do “avançar” para ver se aquilo desenrola
mais depressa, apetece. Caso contrário, a Carla Maria só vai encontrar o amor
em 2050. Um bocado menos de Manoel de Oliveira, se faz favor.
Mas vamos ao que interessa: se
aconselho a ver? Sim, sem dúvida. É uma boa aposta para o verão e só fazendo coisas
é que aprendemos. Aliás, a experiência ajuda a melhorar o que quer que seja.
Talvez nas próximas temporadas consigamos ver um salto qualitativo - atenção que não estou a dizer que está mal! Mas será que na segunda, podemos ter o “Solteiro e Bom Rapaz”? A Carla Maria pode voltar na terceira – isto, se entretanto, não encontrar o amor que tanto anseia.
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