
Com o avançar da pandemia do coronavírus pelo
mundo, muitos dos eventos mundiais têm vindo a ser cancelados ou adiados. Falamos da
passagem do campeonato de futebol europeu para 2021 (fazendo com que Portugal
mantenha o título por mais um ano), falamos do adiamento dos jogos olímpicos
para o ano que vem (que ficámos a conhecer hoje) ou do cancelamento do Festival
da Eurovisão, que decorreu sempre, ininterruptamente, desde 1956. Sobre este último, e sobre todas as canções que, entretanto, tinham sido
escolhidas, a EBU (que organiza o certame) esclareceu que terá que existir uma
nova seleção nacional para 2021. Ou seja, o “Medo de Sentir”, da Marta
Carvalho, interpretada pela Elisa, já não nos representará. E era uma escolha
que tinha a minha aprovação (e sim, já me disseste que a tua favorita era a
Bulgária).
No passado dia 7 de março de 2020, em Elvas,
decorreu a Final do Festival da Canção 2021, e eu estive lá. Marquei presença
com um grupo de amigos, mais ou menos aficionados da “coisa”, e garanto-vos que
foi bem giro – pelo menos para mim. Tenho que sublinhar, que ver ao vivo torna
as coisas um pouco diferentes. Por exemplo, a interpretação da proposta musical
do Jimmy P., "Abensonhado", foi muito mais impactante ao vivo. Fiquei arrepiado. Se tivesse
ganho, não me chatearia nada que nos representasse. Gostei igualmente do "Diz só", defendida pela Kady
(uma canção do Dino D'Santiago), embora tenha a perfeita noção que lá fora, não
teria o destaque merecido.
Não gostei da canção (e atuação) do Filipe Sambado,
nem sequer percebi o quão erudito aquilo era. Peço desculpa, não é a minha área
e admito que o problema possa ser meu. Mas nisto, ou se gosta ou não se gosta.
E eu não gostei. Ver um Zeca Afonso travestido de Guerra dos Tronos (e gosto de
ambos, separadamente), não é de todo a minha "onda". Nem gerebera. Nem amarela. Nem do sul.
Da proposta da Elisa Rodrigues, não achei muita
piada. Aliás, pouca ou nenhuma. Parece-me uma canção que não tinha ali espaço,
porque não se enquadra nos moldes deste tipo de concurso (ou competição). E o
ar “snob” da interprete também não me cativou. "Não voltes mais".
A música do "Rei Leão", era fofinha. "Mas mais real que o Amor", foi mesmo fechar os olhos e estar num filme da Disney. Faltou o Simba.
Gostei do “Movimento” dos Throes + The Shine.
Proposta arrojada, divertida e mexida. O interprete é tudo. Foi tudo. Mais
carismático era impossível, embora compreenda que no contexto nacional, e de
quem vota, fosse uma proposta condicionada à partida.
A favorita de todo o lado e mais algum,
“Passe-Partout” do Tiago Nacarato, e interpretada pela Bárbara Tinoco, apenas
posso escrever que desiludiu. Não esteve na sua melhor atuação, sendo que
aqueles bailarinos e cenário, continuam a não me convencer. No meu favoritismo
estava empatada com o “Medo de Sentir”. E após ver ao vivo, com o
“Abensonhado”, do Jimmy P.
Sobre a vencedora, posso dizer que não fiquei chateado
com o seu lugar no pódio. Era uma das minhas favoritas. Gosto muito da música,
adoro a letra e é uma canção que me diz muito. Considero, contudo, que o
momento mais forte, que é o “vácuo” que suga todo o momento, antecedido da
projeção da voz da Elisa, perde-se um pouco ao vivo, porque na versão
estúdio está tudo muito mais controlado e com uma extensão vocal que acaba por
não existir depois. Ainda assim, “pergunta ao tempo, que ele sabe tudo sobre mim”, não me desiludiu como a Bárbara, tendo ainda na sua versão acústica, uma
outra possibilidade que poderia vir a ser explorada. Não vai a Roterdão e
ficará na história como a representante portuguesa que nunca foi à final devido
ao cancelamento da Eurovisão. Mas, ficará definitivamente na minha “playlist”.
No futuro, ou seja, em 2021, julgo que a RTP
deveria apostar definitivamente num júri profissional (três pessoas
“especialistas”, muitas delas fora da área musical, não me parece acertado) e
diversificado. Se queremos propostas diferentes e de vários estilos, os júris
regionais devem decalcar essa opção, com um número mínimo de cinco elementos. E ao contrário do que se escreveu por essas redes sociais "afora", não creio que tivéssemos no pior Festival da Canção de sempre, no que à qualidade diz respeito. Mas isto sou eu que escrevo, e vale o que vale.
E posto isto, parece-me que a minha temporada eurovisiva acaba este ano por aqui, com muita pena minha.
E posto isto, parece-me que a minha temporada eurovisiva acaba este ano por aqui, com muita pena minha.
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